sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Amargo de Boca

Por volta de 1468, Heinrich Kramer e Johann Sprenger, ilustres Dominicanos, escreveram um livro intitulado Malleus Maleficarum que se tornou desde logo no mais popular manual de caça às "bruxas." Entre as muitas recomendações, aconselhavam que, entre as sessões de tortura, as mulheres estivessem sempre acompanhadas de guardas afim de impedir que "o diabo as faça matarem-se." Tudo isto foi feito milhares de vezes a milhares de mulheres (mas também homens) que sofreram horrores às mãos de carrascos comandados por homens cuja autoridade, mentalidade e práticas emanavam da colecção de textos que formam o livro a que Saramago chama um "manual de maus costumes."

Os crimes da Igreja e daqueles que agiram em nome de Cristo são inumeráveis. O próprio rabi Joshua, Iesus ou Jesus, se alguma vez existiu, e se por milagre voltasse à terra, a primeira coisa que faria seria renegar o Cristianismo e os Cristãos sob todas as suas formas. Se um tal Jesus existisse, eu não me importaria de cear com ele, e ele ficaria sem dúvida aliviado por eu não ser Cristão.

Saramago tem razão, e saberem que ele a tem é a razão do amargo de boca que as suas palavras representam para os Cristãos.