quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Filosofia da Cadeira Aquecida

Professores do Superior Manifestam-se em Lisboa
Centenas de Professores Manifestam-se à Frente do Parlamento

Aí estão os adeptos da filosofia da cadeira aquecida. Foi-lhes alargado para seis anos o prazo inicial de quatro para se doutorarem porque se queixavam que quatro anos era pouco tempo. Agora queixam-se de que é tempo demais!

Ainda por cima querem que lhes dêem lugares vitalícios sem se submeterem a concurso público. Como se os estudantes, as universidades e os contribuintes não tivessem o dever e o direito de terem os melhores professores e investigadores!

E aqueles que, tendo qualificações muito melhores do que os que lá estão nunca tiveram a sorte nem fizeram os fretes para serem cooptados? Esses não têm direitos? Não têm o direito de competirem de forma transparente e serem escolhidos caso sejam os melhores para o lugar?

E o risco que correram os que se foram doutorar lá fora só para voltarem e se verem impedidos de concorrer a um lugar por estes já estarem ocupados por esta gente que, munida de uma mera licenciatura (quando não é menos!), acham que, pelo simples facto de terem estado sentados numa cadeira durante anos, têm o direito de lá continuar?! É isto que nos pedem para pagar? É isto que querem que os nossos filhos suportem na universidade?!

Há anos que se sabe que as universidades e politécnicos portugueses terão, mais tarde ou mais cedo, por reger-se pelos padrões europeus e internacionais de qualidade do ensino superior (universitário e politécnico), o que quer dizer duas coisas: o doutoramento como condição de base para aceder à carreira e concursos públicos transparentes para se entrar para os "quadros." Mesmo os seis anos previstos para os actuais "docentes" se prepararem são um insulto para todos aqueles que nunca tiveram sequer a hipótese de competir por um lugar -- sim, competir, a palavra feia que quer dizer trabalho, esforço e tomada de riscos, a terrível palavra que a nossa elite de "docentes" receia acima de tudo.

Mas isto é a carreira no politécnico. Resta ainda tratar a iniquidade dos Estatutos da Carreira Docente Universitária onde, continua a vigorar a estupidez do recrutamento por cooptação: basta ter um doutoramento, mesmo fracote, e ter aquecido a cadeira de assistente durante cinco anos para se ter emprego vitalício garantido à custa dos contribuintes e dos alunos, que assim são privados dos melhores professores.

A mensagem é clara: «se queres ser "professor" universitário em Portugal, não arrisques, não penses sequer em ires doutorar-te para o estrangeiro numa universidade prestigiosa; anda por aí (para usar a expressão de um desses "docentes" licenciados), começa por seres o mais agradável possível para os teus professores, elogia-lhes o trabalho, não levantes ondas, sê comportadinho e serás mais um excelente soldado do exército da mediocridade universitária portuguesa