sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mentira Colectiva

Déficit? Dívida pública descontrolada?
Isto já nada tem a ver com querelas partidárias e engana-se quem o pensa. Isto tem a ver com os maus hábitos que o país, como um todo, tem permitido à classe política a troco da satisfação dos interesses particulares de cada um. O burocrata do partido recebe a fundação ou o comissariado criado à sua medida; o banqueiro, o seu estatuto fiscal de excepção; o sindicalista, a sua renda à custa, não dos trabalhadores que representa, mas do contribuinte; o funcionário público, o seu aumento, apesar de já ganhar bem mais do que o seu congénere do privado; o privado, enfim, é tolerado em todas as suas artimanhas para fugir ao fisco e enganar o Estado que lhe aceita as eternas dívidas à Segurança Social e ao Fisco; a indústria farmacêutico continua com os órgãos sensíveis do PS e do PSD na mão, pois de outro modo já há muito tempo que neste país, que é o mais pobre da Europa Ocidental, se estava a prescrever por princípio activo e não por marca comercial; enfim, os médicos, que continuam a conseguir coagir o Estado a manter o monopólio da formação de médicos de forma a manter o preço dos actos médicos e os salários dos médicos abusivamente elevados. Na retaguarda, a dívida continua a crescer para suportar a mentira colectiva. Esta tem sido a nossa história no pós-24 de Abril. Já temos a Democracia. Falta-nos a maturidade para lidarmos com ela.