terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pedro Passos Coelho e o manto da invisibilidade liberal


Meus queridos comentaristas do Público, deixem-me falar aos vossos preconceitos.

Primeiro, o de que Pedro Passos Coelho seria demasiado "novo" ou "tenro." Porquê esta atracção pela decrepitude? Já não nos chega de monstros anquilosados? Pelo contrário: se houver algo errado com Passos Coelho é o já não ser novo! A mudar, nós precisávamos de um ou uma PM com 35 anos! Uma pessoa com a idade do Passos Coelho na Idade Média já tinha morrido há anos! Para além disso, em Portugal envelhece-se muito depressa -- na cabeça, quero dizer. Os homens mal se casam perdem metade do cabelo e ganham uma bossa de camelo patética ao nível da cintura. As mulheres, muitas mulheres, assim que têm o primeiro filho, avacalham-se de forma inacreditável: deixaram de viver para o marido, que agora está bem preso no anzol, e passam a viver para o menino-rei que se encarregarão de transformar num imbecil mais imbecil do que o pai.

Segundo: o curriculum. Lembro que também se dizia do Obama que o tinha muito fino. A única coisa que acho lamentável em Passos Coelho é o facto de se aproveitar do postíbulo universitário: apesar de não ter feito o doutoramento dá aulas na universidade há anos. Isto é uma vergonha que só em Portugal se encontra (talvez em alguns países Africanos e Sul-Americanos também) e é triste que ele se aproveite disso.

Terceiro: Passos Coelho diz-se liberal, o que implica um Estado mais pequeno, regulador, e que dá apoio social pelo lado do financiamento de pessoas e não fornecendo serviços estatais que acabam por ser piores, custar mais e matar a concorrência e, por conseguinte, a criatividade (veja-se os ganhos dos profs no ensino público e no privado e as qualidades respectivas do ensino). Muito bem, de acordo. Mas e do ponto de vista dos costumes e dos comportamentos? É Passos Coelho um liberal ou vai seguir a tradição do PSD de andar agarrado às saias dos padres? Já anda a dizer, invocando vetustas tradições, que pretende favorecer as misericórdias em detrimento dos serviços de Estado. Vai Passos Coelho apoiar concordatas e dar dinheirinhos públicos à Igreja Romana? Vai Passos Coelhos apoiar legislação moralista (leia-se: moralismo Romano) contra as liberdades individuais? Qual é a posição de Passos Coelho relativamente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo? Porque é que os nossos jornalistas são tão condescendentes ao ponto de não lhe perguntarem isto? Estarão também a torcer os dedos para que Passos Coelho se torne Presidente do PSD e procuram não embaraçá-lo em frente da larga proporção de acéfalos atávicos nas "bases" do PSD? Ou será que os próprios jornalistas -- neste caso, que o próprio Mário Crespo -- não sabem o que é ser liberal?

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