quarta-feira, 27 de maio de 2009

Acesso à condução de motas até 125 cm3

Escolas de condução contra acesso mais fácil a carta de motas

Há sempre descontentes, é normal. Mas a medida é correcta e a sua eficácia e segurança é comprovada. O próprio teste de perícia é um incómodo desnecessário e os deputados podiam aproveitar para descartá-lo. Estamos a falar de pessoas que têm carta de ligeiros. Em França, por exemplo, a carta de condução de ligeiros dá automaticamente acesso à condução de motos até 125 cm3 -- e isto há muito anos. Que eu saiba, isso não se traduziu em sinistralidade elevada. Os jornais portugueses dão excessivo relevo à expressão de interesses sectoriais e corporativos, talvez para vender à custa das tensões que contribuem para exacerbar. Mas nesta lei como em tudo o resto, são os interesses gerais que devem prevalecer. Já agora, aproveito para sublinhar a necessidade de vigiar as escolas de condução onde a corrupção é endémica. A PJ devia atacar este problema sistematicamente e livrar os nossos jovens desse cancro precisamente no momento em que entram na vida adulta. Podem considerar isto como uma denúncia anónima e lançarem-se a este problema com o mesmo vigor que outras denúncias anónimas têm suscitado.

2 comentários:

  1. Engraçado que para alguns leigos na matéria, conduzir é basicamente igual a saber guiar! Pois é sabe que eu como instrutor de condução das duas categorias relacionadas com este projecto, fiquei espantado com o que surge no seu texto. Em primeiro lugar, como pode dizer que a medida tem uma segurança aprovada? E poir, como pode compara-la com a situação actual em França? Se acha que em França não houve um aumento significativo na sinistralidade rodoviária pois deixe que lhe diga, É NORMAL! Verifique tambem os indices de sinistralidade rodoviária nos ligeiros e motociclos de cilindrada superior a 125cm3. Decerto ficara surpreso pela sua descida! Em Portugal, puseram a responsabilidade da descida de indices de sinistralidade a cargo das escolas e seus profissionais, sendo para isso necessário um esforço conjunto de várias entidades, incluindo o ministério da educação, e desde então temos recebido formações, assistido seminários, aplicado regulamentos, ensinado de acordo com os mesmos, e vêem-se resultados....não tanto como o esperado mas alguns! Temos sérias diferenças da sociedade francesa, e daí não podemos tê-la como termo de comparação, o mais que fosse seria para exemplo situações correctas ( e não se pode dizer que tudo lá assim o seja. Entretanto também lhe posso dizer que é necessário estar consciente de que a condução de veículos é toda igual porque o código da estrada não faz uma discriminação em relação a alguns deles, mas guiá-los, ter conhecimento e dominio sobre eles? Bem isso serão pontos muito difirentes. Acredite, porque o digo por experiencia, é mais fácil quem conduz um motociclo ou ciclomotor conduzir um automovél do que vice-versa.

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  2. De facto há diferenças entre as sociedades portuguesa e francesa, desde o reconhecimento, por princípio, de que o cidadão comum é uma pessoa responsável até às atitudes correntes face à corrupção.

    Quanto à primeira, reconhecer que outrem é responsável é sempre um risco. Todavia, não correr esse risco é encorajar senão mesmo empurrar o outro para a irresponsabilidade. Eu sei que as pessoas com carta são responsáveis e saberão avaliar a sua situação e a necessidade de procurarem formação adicional, seja ela dada por uma escola ou pelo vizinho que conduz mota há anos. Conduzir uma mota pode requerer alguma perícia e prática, mas não é física quântica.

    Quanto à corrupção, acho curioso que ignore essa parte do meu comentário. Sabe que, em França, a atitude normal de uma pessoa que fosse abordada numa escola de condução para ser aprovada em exame em troca de suborno seria sair pela porta para não voltar e em muitos casos passaria pela polícia antes de regressar a casa. Acho escandaloso e revelador que o senhor ignore essa parte do meu comentário em vez de deplorar a corrupção que existe nas escolas de condução e de, na sua qualidade de instrutor, apelar a todas as pessoas que se deparem com uma solicitação à corrupção numa escola de condução que denunciem essa situação à polícia.

    Só posso concluir que o senhor não só não quer reconhecer que os demais cidadãos são pessoas responsáveis como não se reconhece a si próprio como responsável. Talvez as duas coisas estejam ligadas.

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